No dia 31 de julho, uma quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tomou uma decisão importante: manter a taxa básica de juros, a Selic, em 10,50% ao ano. 
Essa decisão unânime entre os membros do comitê deixou claro que há um consenso sobre a necessidade de continuar com a Selic elevada por mais tempo. Mas, o que isso significa para os investidores, especialmente aqueles que apostam em fundos imobiliários?
O impacto imediato no mercado de fundos imobiliários

De cara, podemos perceber que a manutenção da Selic em um patamar de influência elevada diretamente sobre o mercado de fundos imobiliários. A primeira consequência, e talvez a mais evidente, se dá no curto prazo. Com a Selic alta, os títulos de renda fixa se tornam mais atrativos para os investidores, já que oferecem retornos consideráveis ​​com baixo risco. 

Isso cria o chamado “custo de oportunidade” para os fundos imobiliários, que passam a enfrentar um desafio maior para captar recursos, pois muitos investidores podem preferir a segurança dos títulos de renda fixa.





Além disso, os fundos imobiliários podem sofrer com maior volatilidade no mercado secundário. A lógica é simples: com menos demanda por cotas de fundos imobiliários, os preços podem oscilar com mais intensidade. Para os investidores que já possuem cotas, isso pode ser um momento de incerteza, pois o valor de suas aplicações pode variar de maneira mais intensa.

Outro ponto crucial é o aumento do risco de crédito. Muitos dos investimentos do setor imobiliário estão atrelados à Selic. Quando um imposto permanece alto por um período prolongado, o custo do crédito também aumenta, o que pode levar a um maior risco de inadimplência por parte das empresas que precisam honrar seus compromissos financeiros. 

Isso afeta tanto os fundos de tijolo (que investem diretamente em imóveis e dependem da receita de aluguéis) quanto os fundos de papel (que investem em títulos como os Certificados de Recebíveis Imobiliários - CRIs).

Os efeitos de curto prazo para os investidores

Mas nem tudo são nuvens cinzentas no horizonte. Para os cotistas de fundos imobiliários que investem em ativos atrelados ao CDI, há um lado positivo. 

Esses investidores podem continuar colhendo bons frutos, já que esses ativos tendem a ter um bom desempenho em um cenário de juros elevados. Com isso, é possível que o preço desses fundos aumente, refletindo o bom desempenho de seus ativos subjacentes.

No entanto, é importante destacar que essas oscilações são características naturais do mercado de curto prazo. Os preços dos ativos podem variar conforme as expectativas mudam, e isso faz parte do jogo. 

Mais do que tentar adivinhar os movimentos do mercado, o investidor deve focar em uma estratégia sólida e planejada, que proteja seu portfólio agora, mas que também esteja voltado para a estabilidade e o crescimento no futuro.

A importância da visão de longo prazo e da diversificação

É comum que, em momentos de incerteza, o medo tome conta e muitos investidores possam tomar decisões precipitadas. 

No entanto, é fundamental não ceder ao “efeito manado”. Comprar e vender ativos a cada novo anúncio do Banco Central, a cada discurso político ou a cada recomendação de um especialista pode ser prejudicial para sua estratégia de investimento.

Gabriel Barbosa, sócio da TRX Investimentos e gestor do fundo imobiliário TRX Real Estate (TRXF11), ressalta que o segredo está em ter uma visão mais ampla. 

Mesmo com a Selic elevada, não é o fim do mundo para os fundos imobiliários ou para qualquer outra classe de ativos. 

O ritmo mais moderado adotado pelo Copom pode, na verdade, ajudar a controlar a inflação e sinalizar ao mercado que o Banco Central está alerta com cautela, o que é sempre uma boa notícia para os investidores.

Barbosa aconselha que, ao invés de se desesperar com as flutuações do mercado, os investidores devem focar em selecionar ativos nos quais realmente acreditam. A diversificação é a chave para mitigar riscos e maximizar ganhos ao longo do tempo.

 Isso significa investir em diferentes classes de ativos, como fundos imobiliários, ações, títulos de renda fixa, entre outros. Dessa forma, o investidor desenvolveu um portfólio mais resistente às variações do mercado e com potencial de crescimento no longo prazo.

O papel da Selic na economia e nos investimentos

Para entender melhor o impacto da Selic, é importante compreender seu papel na economia. A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, e sua função principal é controlar a inflação. Quando o Banco Central decide manter a Selic elevada, ele está tentando reduzir o consumo e os investimentos, o que, por sua vez, ajuda a conter a alta dos preços.

No entanto, essa mesma medida também torna o crédito mais caro e pode desacelerar o crescimento económico. Para os investidores, isso significa que a rentabilidade dos investimentos pode ser impactada, mas também existem oportunidades para aqueles que sabem onde procurar.

Fundos imobiliários, por exemplo, podem ser uma excelente opção para quem busca rendimentos acima da média, mesmo em cenários de juros elevados. Isso porque muitos desses fundos investem em ativos que podem se valorizar ao longo do tempo, como imóveis comerciais, shopping centers e galpões logísticos. 

Além disso, os fundos de papel que investem em CRIs também podem oferecer retornos atrativos, especialmente se a Selic continuar elevada.

Como se proteger e aproveitar as oportunidades

Diante desse cenário, como o investidor pode se proteger e, ao mesmo tempo, aproveitar as oportunidades que surgem? A resposta é na diversificação e na escolha de ativos de qualidade.

"Diversificar é distribuir seus investimentos de maneira a evitar concentrar todos os riscos em um único ativo.". Pesquise em diferentes tipos de fundos imobiliários, como os de tijolo e os de papel, mas considere também outras classes de ativos. 

Ações de empresas sólidas, títulos de renda fixa e até mesmo outros fundos, como os multimercados, podem ajudar a equilibrar o risco do portfólio e garantir um retorno mais estável ao longo do tempo.

Além disso, é crucial estar sempre atento às condições do mercado e às decisões do Copom, mas sem deixar que isso guie todas as suas decisões de investimento. Mantenha o foco em uma estratégia de longo prazo e evite movimentos bruscos baseados em emoções ou no "barulho" do mercado.

Considerações finais

Em momentos de incerteza, como o atual, é natural que muitos investidores fiquem inseguros. 

No entanto, é exactamente nestes momentos que as melhores oportunidades podem surgir. Com a Selic mantida em 10,50% ao ano, o mercado de fundos imobiliários enfrenta desafios, mas também oferece oportunidades para aqueles que sabem onde procurar.

A chave está em não ceder ao pânico e em manter uma visão de longo prazo. Invista em ativos de qualidade, diversifique seu portfólio e mantenha-se informado, mas sem se deixar levar pelo ruído do mercado. 

Lembre-se de que o objetivo é crescer seu patrimônio ao longo do tempo, e não tente adivinhar os movimentos do mercado a cada nova decisão do Banco Central.

Gabriel Barbosa, sócio da TRX Investimentos, reforça a importância de uma estratégia sólida e diversificada. Ele aconselha os investidores a não se desesperarem com as oscilações de curto prazo e a focarem em construir um portfólio equilibrado e preparado para o futuro.

Assim, com paciência e disciplina, você poderá navegar pelos desafios do mercado e aproveitar as oportunidades que surgirem, garantindo um crescimento consistente do seu patrimônio.